Naquele
deserto sem fim,
No
chão rachado do sertão,
José
caminhava devagar,
Maria
tava com um barrigão
Carregada
pelo jumentinho
Em
silêncio e meditação.
Na
primeira cidade que chegaram
Era
grande a agitação.
Passaram
por uma feira
Que
vendia de tudo então:
Bicho
vivo, bicho morto,
Muita
traia de montão.
O
lugar era animado,
Tinha
muita diversão.
A
música “Asa Branca”
Cantada
com emoção
Lembra
Luís Gonzaga,
O
eterno rei do baião.
Um
tocava sanfona,
Outro
tinha o triângulo na mão,
Outro
tocava a zabumba
Com
muita animação.
O
forró corria solto
Atraindo
a multidão.
José
e Maria cansados
Procuravam
uma pensão,
Mas
tava tudo lotado,
Não
tinha mais vaga não.
A
cada porta que batiam,
Era
a mesma situação.
Voltando
então na feira,
Encontraram
um bom cristão,
Levaram
os dois pra um abrigo,
Pois
teve compaixão.
Era
apenas uma estrebaria,
Mas
tinha proteção.
Depois
do sol escaldante
A
lua fazia clarão,
Maria
deu a luz
Ao
filhinho do coração,
Nosso
Senhor Jesus Cristo,
O
messias da salvação.
Perto
dali os cangaceiros
Estavam
de prontidão,
Amoitados
de tocaia
Quando
escutaram uma canção.
Eram
os anjos anunciando
O
nascimento do Rei e Sua missão.
-Oxente!
Vixe! Arre!
O
que será esta visão?
Bichinho,
cabra da peste,
Não
é o bando do Lampião.
Por
que tu tá tão avexado?
Tu
não é tão valentão?
Eles
guardaram as peixeiras
E
tomaram uma decisão:
Foram
visitar o bebê,
seguiram
naquela direção,
Estavam
aperreados
Com
espanto e admiração.
Levaram
rapadura e carne-de-sol
Pra
Maria ter sustança;
Um
belo chapéu de couro
Pra
José, o pai da criança;
Leite
de cabra para o neném,
A
nossa eterna esperança.
A
notícia se espalhou
E
foi grande a festança,
Buchada
de bode
E
muita comilança,
Enquanto
na manjedoura
O
Menino-Deus descansa.
Nele
todos podem ter
Total
e plena confiança,
Ele
nasceu e morreu
Pra
gente ter paz e bonança.
É
pelo Seu sacrifício
Que
o Céu você alcança.